Cabeçalho Caxim

Nota de repúdio à violência contra os professores grevistas da rede municipal de Goiânia

O Brasil se encontra numa via de retrocesso na educação. Os avanços que tivemos, pouquíssimos por sinal, são hoje degradados através das repressões violentas que os nossos trabalhadores da educação têm sofrido. Um país verdadeiramente desenvolvido é aquele que investe em educação, cuida de suas crianças e adolescentes e promove uma produção de conhecimento emancipatório. Porém, o que temos visto no Brasil é um massivo ataque aos professores que decidiram lutar por uma educação de qualidade para os brasileiros, uma destruição da democracia e dos direitos trabalhistas.

Em Santa Catarina os professores da rede estadual estão de greve desde 24 de março deste ano e não possuem a menor perspectiva de uma negociação justa por parte do governador Raimundo Colombo (PSD). Ao contrário, tiveram como resposta uma decisão liminar do Tribunal de Justiça, no último dia 29, que autorizou o governo a descontar dos trabalhadores o período que não trabalharam por conta da greve.

Em São Paulo a paralisação chega a quase 2 meses e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se nega decididamente a negociar com os professores da rede estadual, que nada mais fazem que lutar por melhorias salariais.

No Paraná e em Goiânia vemos que os resultados da repressão ao professores foram os mais drásticos. No Paraná os professores em greve, além de lutarem por melhorias salariais e garantias para a categoria, lutam para barrar o Projeto de Lei da previdência que traz uma série de prejuízo aos servidores públicos estaduais. Ainda que estivessem resguardados pela Justiça com uma liminar que garantiria o direito de poderem entrar nas galerias durante a votação do projeto de lei, no dia 28 de abril, eles foram expressivamente atacados pela PM de Beto Richa (PSDB), com spray de pimenta, jatos d’água e bombas de efeito moral que impediram a entrada dos professores na Assembleia Legislativa e deixaram vários professores gravemente feridos.

Em Goiânia professores da rede municipal da educação estão em greve desde o dia 14 de abril, com pautas que denunciam a negligência do prefeito Paulo Garcia (PT) com a educação e pedem melhores condições de trabalho. No último dia 23 os professores foram agredidos pela Guarda Civil Metropolitana enquanto faziam uma assembleia geral da categoria, no Paço Municipal. As agressões começaram quando os professores, após decidirem continuar a paralisação, começaram a fazer uma caminhada pela prefeitura em ato de protesto. Os guardas, que teoricamente possuem a função de resguardar o patrimônio, fizeram uso da força com a justificativa de manutenção da ordem. Vários professores foram feridos, dentre eles alguns com ferimentos graves.

O Centro Acadêmico XI de Maio repudia qualquer ação violenta usada contra aqueles que apenas exercem um direito constitucional, lutam e defendem uma causa mais que justa como a da educação e se sente na obrigação de denunciar por meio desta os abusos que os professores das redes estaduais e municipais do Brasil têm sofrido.

A luta por uma educação de qualidade não é uma luta de professores, mas uma luta de cada brasileiro e brasileira. Fechar os olhos pra essa situação é uma omissão que não deve ser tolerada. Nós apoiamos a luta dos professores em greve e clamamos por uma resposta rápida e justa dos nossos governantes.